Há quatro dias, a mensagem era de apelo à união e ao bom senso. Em conjunto, o país tinha de ultrapassar a pandemia: "Temos de assumir a responsabilidade solidária de travar em conjunto esta pandemia". As imagens do fim de semana fizeram saltar a tampa em São Bento e de uma mensagem de união o primeiro-ministro passou para uma mensagem de imposição pela força, com reforço das restrições e da fiscalização pelas autoridades. As regras do confinamento geral foram apertadas esta segunda-feita e António Costa aposta tudo num pedido de "sobressalto cívico" com várias pitadas de atribuição de culpas aos portugueses pelos "abusos" que se verificaram de incumprimento das regras: "Não podemos estar à espera do outro, da multa do polícia ou da proibição do Governo, temos de contar connosco", disse.
A jogada política é de risco sobretudo porque aconteceu no mesmo dia em que o Presidente da República frisou a ideia que considerava que o Governo não tinha antecipado a terceira vaga. Mas sobre essa responsabilidade não se estendeu. Disse o primeiro-ministro na conferência de imprensa sobre as novas medidas que "o Governo cá estará para assumir as medidas, por mais duras ou dolorosas que sejam",
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: lvalente@expresso.impresa.pt