Economia

Radiografia ao impacto da pandemia nos vários sectores da economia

23 janeiro 2021 14:05

mario cruz

Cabeleireiros, ginásios, centros comerciais, restaurantes, retalho e imobiliário falam da crise e do caos operacional que as sucessivas alterações provocam. "Já não há forma de aguentar", dizem

23 janeiro 2021 14:05

Depois do encerramento forçado entre março e abril e de oito meses sem protagonizarem notícias de surtos de contágio, os cabeleireiros esperavam passar este novo confinamento de portas abertas. O quadro final trouxe, por isso, surpresas ao sector, mas “na verdade, já percebemos que, se tivéssemos sido contemplados com o desejado estatuto de exceção, teria sido sol de muito pouca dura”, diz João Semedo, presidente do Clube Artístico dos Cabeleireiros de Portugal. “Estamos a bater no fundo, e mesmo com as ajudas que já foram disponibilizadas em 2020 fecharam 1500 cabeleireiros. Vamos agora ver o que significa a promessa de agilidade e rapidez nas medidas de apoio do Governo, mas poderão fechar mais 3 mil salões, porque estimamos que 50% das empresas estão no limite, com grande dificuldade para se aguentarem depois de os horários terem sido limitados, de a capacidade de atendimento ter sido reduzida e dos custos acrescidos com produtos de higiene e descartáveis”, sublinha o dirigente, admitindo que preferia um “confinamento mais duro e eficaz, mas potencialmente mais curto”.

“Já não há forma de aguentar sem faturar. Os apoios são urgentes e vamos ter de lutar por medidas específicas para o sector”, diz José Carlos Reis, presidente da Portugal Activo, que representa as empresas de ginásios. Olhando para um negócio que tinha 1100 empresas no fim de 2019 e que viu mais de 300 fecharem portas em 2020, incapazes de resistir ao impacto da covid-19, defende linhas de apoio a fundo perdido para compensar quebras de faturação, apoio aos profissionais de exercício físico através de um subsídio com o valor máximo de um IAS (Indexante de Apoio Social) mensal e uma linha de apoio à tesouraria das empresas. “Já há notícias de profissionais forçados a pedir apoio ao Banco Alimentar e a outras entidades”, sublinha José Carlos Reis, adiantando que o sector perdeu 30% dos 17 mil postos de trabalho em dez meses. “Solidário com a conjuntura de emergência do país”, salienta que não tem havido notícias de surtos em ginásios. Receia “um quadro de disrupção e destruição de valor económico, com impacto na saúde dos portugueses, que já têm um dos índices de atividade física mais baixos da Europa”.