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08/08/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (77b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 77a)

Choque da realidade com a Boa Nova. Este governo sendo socialista não é bom e sendo incompetente é mau

Metade dos oito fundos do programa Consolidar gerido pelo Banco de Fomento não têm fundos, correndo o risco de mais de metade dos 500 milhões não chegarem às empresas. Este Banco de Fomento é uma instituição que desde o início de 2013 andou no ar, foi anunciado n vezes, sucedendo a um banco de fomento que fora privatizado por um governo PS, já estava criado em Janeiro de 2020, afinal só viu a luz do dia em 2021 e em 2022 conseguiu ter prejuízo. A premiar esta ineficácia, o governo duplicou a folha salarial da administração.

A conclusão da linha circular do Metro de Lisboa anunciada para 2024 foi adiada para 2025. Esperam-se novos adiamentos, como de costume.

Dois contratos de investimento (Vista Alegre Atlantis e Bondalti) anunciados em 2021 «com pompa e circunstância» foram descartados.

O ilusionismo socialista só não é barato porque a carga fiscal é pesadíssima


No 1.º semestre a receita fiscal subiu quase 9% e ultrapassou 25 mil milhões A sanha é tanta que até a caça às taxas e às multas se exacerbou. No primeiro semestre o governo socialista confiscou 2 mil milhões em taxas e multas, um aumento de 11% e, no caso dos automobilistas, um aumento de 27% (fonte).

Se não gostam da mensagem querem demitir o mensageiro

Quando em 2017, na sequência dos devastadores incêndios do Outono de 2017, o Dr. Costa tirou do seu prodigioso chapéu, a criação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais presidido por Tiago Oliveira não dei nada pela coisa, como aqui escrevi nesta Crónica da época, e o tempo veio a dar-me razão. Confesso que também dei pouco por Tiago Oliveira que foi um dos responsáveis do relatório encomendado pelo governo de Santana Lopes em 1995, relatório que o MAI da época (o Dr. Costa, por não estranha coincidência) mandou para o lixo.

Tiago de Oliveira que, na qualidade de presidente da AGIF - Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, esteve numa audição da Comissão parlamentar de Agricultura e Pescas e, dando mostras de uma inesperada independência, disse um punhado de verdades inconvenientes (cfr vídeo) como o desperdício de aviões, a conversa da treta sobre os eucaliptos e o excesso de dinheiro gasto pelas câmaras nos bombeiros em vez de gastar dinheiro a gerir a floresta. Esta última afirmação incendiou, por assim dizer, a floresta dos interesses instalados, nomeadamente dos próprios bombeiros, cuja Liga foi mais lesta a pedir a demissão de Tiago de Oliveira do que a combater os fogos rurais.

No topo de Óropa

Não deveria ser difícil perceber que só é possível aumentar salários se a produtividade do trabalho aumentar. O diagrama seguinte mostra que que, em termos comparativos com a Óropa, de 2011 para 2022 a produtividade do Portugal dos Pequeninos ficou ainda mais pequenina e foi ultrapassada por dois sobreviventes do colapso do Império Soviético.


Porquê? Entre outras razões por que se estamos no fundo da produtividade estamos no topo da improdutividade, como diria M de La Palice, olhando para o diagrama seguinte.
«Pagar a dívida é ideia de criança»

Na corrida da inflação contra a dívida, em que o Dr. Medina aposta na inflação para o ajudar a reduzir o rácio dívida pública/PIB, a dívida ganhou outra vez em Junho e o rácio subiu para 111,2%.

07/03/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (5)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O que esperar do próximo governo socialista? Mais do mesmo

É certo que a maioria absoluta permitirá alijar a carga comunista-berloquista da geringonça. Contudo, os efeitos líquidos não serão muito significativos porque uma parte substancial das cedências orçamentais aos parceiros agora desavindos foram descontadas nas cativações e noutras manobras de engenharia orçamental em que o Dr. Centeno e o seu discípulo Dr. Leão foram mestres.

A factura da geringonça poderia ser mais aliviada nas acomodações ideológicas ao BE (identidade de género, linguagem inclusiva, racismo estrutural, etc.) que infectaram talvez irremediavelmente o Estado sucial. Ainda assim, a existência de uma facção berloquista no PS, de que o Dr. Pedro Nuno é a cabeça visível e um dos putativos herdeiros do Dr. Costa, e os complexos de esquerda moderna do PS não auguram grandes mudanças nesta matéria.

Na parte comunista da factura no que respeita à legislação laboral e em particular ao salário mínimo, também não prevejo grandes mudanças. Quanto à legislação laboral, o Dr. Costa na verdade não fez grandes concessões ao PCP e é muito provável que aproveite para pacificar as relações com as associações empresariais.

Quanto ao salário mínimo, o Dr. Costa parece firmemente determinado em aumentá-lo até que seja impossível aumentá-lo mais quando se aproximar do salário médio. Por razões que se percebem, afinal é a bandeira socialista mais barata para o governo, é um lubrificante da concertação social no que respeita aos sindicatos e não terá demasiada resistência das associações empresarias porque "apenas" põe em dificuldade umas centenas de milhares de micro e pequenas empresas. Last but not least, não compromete directamente as "contas certas", um pilar introduzido pelo Dr. Costa nas actuais políticas socialistas que ele espera seja um factor de facilitação do acesso à mineração do guito europeu.

Quanto às reformas indispensáveis para aliviar o peso do Estado sucial, melhorar a qualidade da educação, modernizar a economia, aumentar a competitividade e a produtividade, é melhor esquecer. O PS é o partido do Estado e das clientelas estatais, não é um partido reformista.

Com os dinheiros da bazuca para sossegar a clientela empresarial e proporcionar jobs for the boys, e uma oposição que inclui os restos que sobrarão do consolado do Dr. Rio, e a quem poderão ser atribuídas umas centenas de tenças na regionalização, o Dr. Costa bem poderia navegar tranquilo na sua Nau Catrineta os quatro anos de mandato, não fossem as previsões meteorológicas mostrarem no horizonte uma bela borrasca que a sua nau terá dificuldades em enfrentar.

Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas

Nos últimos 12 meses a inflação subiu ininterruptamente nos países da OCDE e atingiu 7,2% em Janeiro, a taxa mais alta desde 1991. Por cá ainda só ia em 3,3% em Janeiro mas já vai em 4,2% em Fevereiro. Este aumento da inflação e os efeitos da pandemia e as sequelas da invasão da Ucrânia em economias ainda em recuperação podem reviver uma conjuntura já esquecida - a estaglafação dos anos 70 após o choque petrolífero - em que os efeitos de uma inflação elevada se combinaram com um crescimento baixo ou mesmo recessão, cenário que, por exemplo o Dr. Centeno, não exclui.

O Estado sucial é um caloteiro

Mesmo com os milhões da bazuca a inundarem a tesouraria, nem assim o Dr. Leão abre os cofres para pagar aos fornecedores. Em Janeiro os pagamentos em atraso aumentaram 107,3 milhões (destes, 96,1 milhões são dos hospitais do SNS) para 408,8 milhões, não obstante nesse mesmo mês o excedente orçamental ter registado um aumento homólogo de cerca de 80% para 1.834 milhões.

Depois da Boa Nova

Há um mês os jornais anunciaram a Boa Nova do recuo de 900 milhões da dívida pública, conseguido, como salientei na crónica do dia 7 de Fevereiro, à custa da redução da almofada de tesouraria. Só foi preciso esperar um mês para a dívida total retomar a sua trajectória ascendente aumentando 2,8 mil milhões em Janeiro e atingindo 272,4 mil milhões, montante superior em mais de 20 mil milhões ao do final de 2019 e atingindo um rácio ao redor dos 128% do PIB. Entretanto a Comissão Europeia já avisou esperar que os PIGS, já sem o I da Irlanda, comecem a reduzir a dívida e o défice, sem contar com a bazuca.

28/02/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (4)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Estão em marcha as obras de ampliação do edifício decrépito do Estado sucial

Com a aparente cooperação do Dr. Rio, que só quer ir embora depois de ajudar o Dr. Costa a acrescentar mais um andar ao edifício do Estado sucial, e o implícito beneplácito do Dr. Marcelo, estão em curso pela voz da Dr.ª Luísa Salgueiro, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, as manobras para aprovar sem dor a "regionalização", que é o nome dado à criação de mais uns milhares de tenças para "regionalizar" um país que tem menos de metade da população média das dez maiores cidades do mundo. A inventiva manobra passa por um "ajuste" da Constituição - não confundir com revisão - para permitir que o referendo seja aprovado com menos de metade dos eleitores, referendo que à cautela deve omitir o mapa das regiões porque já está tudo "consolidado".

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Depois de um ano e meio, o Dr. Siza Vieira impingiu à DST a EFACEC, o zombie estatal a trabalhar a metade da sua capacidade, com as encomendas de 2019 e 2020 ainda não entregues, sem mercado, sem capital e com uma dívida pantagruélica. Por prudência, o Dr. Siza ainda reservou para os contribuintes uma participação de 25% que lhes permitirá continuar a torrar dinheiro no zombie. O Expresso questionou-se sobre o que poderá ter sido oferecido à DST para "facilitar" o acordo e parece sugerir subliminarmente: o concurso de 819 milhões de automotoras para o outro zombie.

Trocando hardware por software

O governo lançou um concurso para comprar helicópteros usados com o máximo de 35 anos (médios) ou de 5 anos (ligeiros) para o combate aos incêndios florestais. Logo os críticos maldosos baptizaram o concurso de "Sucata". A verdade é que, ainda assim, estão previstos quase 70 milhões para a sucata. Se fossem helicópteros novos custariam 250 milhões, admitamos. Ora com a poupança de 180 milhões será possível pagar durante um ano (depois logo se vê) vários milhares de funcionários para engrossar a freguesia eleitoral.

14/10/2019

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (1)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Et maintenant que vais je faire?

Durante 150 semanas publiquei a «Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça» à qual, por falta de comparência até então da avaria irreparável, sucedeu durante outras 58 semanas a «Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País».

Realizadas as eleições, os parceiros do PS na ménage à trois perderam no conjunto mais de 170 mil votos (os comunistas suportaram dois terços dessa perda), perdas que só parcialmente foram compensadas pelos 124 mil votos ganhos pelo PS - 124 mil depois de quatro anos de governação numa conjuntura irrepetível por longos anos é muito poucochinho, não é verdade Dr. Costa? Desses resultados desastrosos concluíram os parceiros do PS que afinal a relação poliamorosa tinha sido como a estória da fusão entre o porco e a galinha para fazer uma omelete de presunto em que os berloquistas e comunistas fariam o papel do porco.

Percebido qual o seu papel, os comunistas recusaram desempenhá-lo e os berloquistas imaginaram vender o seu presunto mais caro, preço que o PS não quis pagar. E Costa concluiu que só com um fornecedor o preço do presunto ficaria demasiado alto e encenou uma negociação cujo propósito ficou claro quando deixou de fora da equipa socialista Pedro Nunes Santos, o mestre-de-obras da construção da geringonça e seu putativo sucessor em concorrência com o favorito Medina.

Avariada assim, segundo parece, a geringonça e decidido a prosseguir uma espécie de serviço público gratuito com uma outra crónica, qual seria o seu título? Consumido pela dúvida, ocorreu-me que segundo a lenda o padre Bartolomeu de Gusmão fez várias experiências, quase todas mal sucedidas, com um zingarelho cuja configuração exacta se perdeu nos tempos, ficando para a história com o aspecto que um discípulo do padre, um infante que viria a ser o 2.º Marquês de Abrantes, desenhou com a concordância do mestre para confundir os curiosos. A esse zingarelho botaram-lhe o nome de Passarola de Gusmão. E foi assim que, decidido a continuar com uma crónica, a alusão à Passarola de Costa se me impôs com naturalidade.

06/10/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (208)

Outras avarias da geringonça e do país.

Esta é a última crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao país

Termina aqui, hoje, dia de eleições, esta crónica, depois de 207 edições, em que cada exemplar foi um número e cada número gostaria de ter sido exemplar, como o Pif-Paf que Millôr Fernandes publicou durante dez anos no Diário Popular.

Termina não porque cesse a avaria que infelizmente tudo indica vai continuar a ser infligida ao país por Costa e a sua clique socialista, entremeada com os restos do socratismo. É a última crónica porque a geringonça, ou pelo menos a geringonça com esta configuração, vai dar lugar a outra coisa, provavelmente mais capaz de infligir danos e, em qualquer caso, em condições diferentes que tornarão mais difícil o ilusionismo de Costa.

Ver-se-à na próxima semana se haverá outra crónica e, havendo-a, como será.

Quem se mete com o PS leva

A cena de Costa a ameaçar, espetando o dedo no nariz no velhote que o acusou de ir de férias na época a nos incêndios de Pedrogão Grande diz imenso sobre o próprio Costa, o PS e o país.

Primeiro, pela reacção sobranceira e ameaçadora de Costa que teve de ser travado pelos seguranças que, como se disse no programa «Gente que não sabe estar» (um nome muito adequado a esta clique do PS), estavam lá não para defender o Costa mas para evitar que ele desse porrada nos velhotes.

Segundo, porque mostra como Costa é um ilusionista ao indignar-se pela imprecisão do velhote. Na verdade, Costa não estava de férias na altura do incêndio. Se estivesse, isso seria uma coincidência e não teria sido grave. Não estava de férias, foi de férias depois dos incêndios, e isso, sim, é muito grave.

Terceiro, também diz muito sobre um país que, se fosse decente e exigente com os políticos que tem, Costa teria terminado aí a sua carreira.

30/09/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (207)

Outras avarias da geringonça e do país.

«Os portugueses não gostam de maiorias absolutas». Nós gostamos, mas fingimos que não gostamos

De tanto fingirem vão acabar a ter de gostar, porque até para os (alguns) eleitores portugueses há um limite e depois do desmoronar do castelo de Tancos de onde fugiram os ratos do regime, o PS vê mais longe a maioria absoluta. Uma semana depois, perde 3,5% nas intenções de voto e o PSD que chegou a 28,5% está agora nos 26,4% a 10,4% (fonte)

Tão amigos que nós fomos

Depois de ser pegado com Catarina Martins a propósito da paternidade/maternidade da geringonça que ambos disputam, Costa acabou a pegar-se com Rio que, depois de um ano e meio de grande convergência, viu no caso Tancos a sua oportunidade de aumentar a sua esperança de vida política concluindo o óbvio: ou bem Costa sabia e é mentiroso, ou bem Costa não sabia e é incompetente. De caminho, deixou cair mais um dos seus princípios éticos, na circunstância o de que se deve deixar funcionar a justiça e não antecipar condenações na praça pública.

O Estado sucial tem de ter instituições socialistas

Desde logo uma justiça compatível e daí a preocupação de Costa (Marcelo deu uma ajudinha) em não renovar o mandato de Joana Marques Vidal. Já está a dar frutos. O parecer do Conselho Consultivo da PGR pedido por Costa sobre a lei das incompatibilidades «inventou um novo método de interpretação das leis: a interpretação irreal. Ou seja aquela que mais se afasta da literal» confirmando o que mais convinha a Costa e à família socialista que parasita o Estado Sucial.

23/09/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (206)

Outras avarias da geringonça e do país.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

Depois de várias semanas a sacudir a água do capote, como de costume, perante as buscas da PJ relacionadas com o escândalo das golas combustíveis ao seu gabinete, o secretário de Estado da Protecção Civil demitiu-se «por motivos pessoais». Considerando os outros intervenientes e a tradição socialista, seria mais rigoroso demitir-se «por razões familiares».

A fama da família socialista já chegou a Bruxelas, onde uma eurodeputada francesa e o jornal belga Le Soir, apontaram o dedo Elisa Ferreira (a do «o dinheiro é do Estado, é do PS») por alegado conflito de interesses por estar nomeada para tratar dos fundos regionais e o marido ser presidente da CCDR-Norte que aplicará esses fundos.

Boa nova / O choque da realidade com a boa nova / Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

«Todos em Portugal estão hoje a viver melhor do que viviam há quatro anos» foi a boa nova que Costa nos anunciou em Castelo de Paiva. Sim, é verdade, vivemos um poucochinho melhor do que há quatro anos. Uns 10% se medirmos a coisa pelo PIB per capita a preços constantes.

Porém, quando comparamos o mesmo indicador nos anos de 2018 e 2008, período que inclui os anos de intervenção da troika que o governo socialista de Sócrates nos ofereceu, o poucochinho fica reduzido a menos de 4%.

E se nos compararmos com a Óropa constatamos que entre 1995 e 2018 o mesmo indicador reduziu-se de 79 por cento para 76 por cento da média UE28. Ou seja, nos 24 anos desse período em que o PS governou em 18 o país empobreceu em termos relativos.

16/09/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (205)

Outras avarias da geringonça e do país.

«Os portugueses não gostam de maiorias absolutas». Nós gostamos

As duas sondagens divulgadas nos últimos dias (Expresso-ICS/ISCTE e SOL-Eurosondagem), apontam no mesmo sentido que é de uma maioria absoluta, respectivamente provável ou possível, com pequenas diferenças, salvo no que respeita ao próprio PS a que a primeira sondagem dá 42% e a segunda 38,3%.

Assim, na pior hipótese o PS estará perto da maioria absoluta e consegui-la-à escolhendo um entre pelo menos quatro partidos, incluindo o CDS que, retornado à época do táxi e com Cristas em risco de ser crucificada, estará disposto a quase tudo.

Temos estes princípios. Se não gostarem temos outros

Com a sua cintura de borracha, Costa andou a semana passada a anunciar em Trás-os-Montes a criação de programa um «Erasmus Interior», o mesmo programa que o PS tinha chumbado há 6 meses proposto pelo PSD.

Tão amigos que nós fomos

Resplandecente de rigor nas contas, o BE atira-se agora à falta dele no programa do PS e o tele-evangelista Louçã, retirado da primeira linha de combate, escreve no Expresso sob um surpreendente título de «Os saborosos milagres das contas do PS»: «As contas do PS demonstram que não haverá aumento relevante para a função pública, que algumas prestações sociais serão reduzidas, não se sabe como, que o programa de habitação não tem dinheiro suficiente e que o investimento público continuará medíocre»,

A frustração berloquista pelas "traições" de Costa é tão grande que, depois de quatro anos a engolirem sapos, ressuscitaram a campanha para reestruturação da dívida pública, agora sob o nome mais palatável de renegociação.

09/09/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (204)

Outras avarias da geringonça e do país.

«Os portugueses não gostam de maiorias absolutas». Nós gostamos

As sondagens da Eurosondagem costumam ser sondagens amigas. Ainda assim, as últimas, apontando para um novo aumento das intenções de voto no PS e colocando-o com 38,1%, à distância de quase 15 pontos percentuais do PSD-Rio, não mostram resultados substancialmente diferentes de outras sondagens.

De passagem, notemos que o PSD de Rio e o CDS de Cristas perderam na oposição e em conjunto mais de 7 pontos percentuais em relação à coligação nas eleições de 2015, apesar de se esforçarem imenso por ficar parecidos com o PS (ou talvez por isso mesmo).

A verificar-se a previsão do impacto das mudanças da distribuição de eleitores pelos distritos, a maioria absoluta poderá alcançada com uma percentagem menor do que no passado. Se assim for, teremos com maior probabilidade uma governação socialista por quatro anos ou até à próxima crise, o que primeiro ocorrer. Até lá, a oposição não socialista atravessará o deserto e deve aproveitar para se depurar da ganga socializante e preparar uma alternativa viável para governar libertando o país gradualmente da tutela estatizante que lhe foi impondo a esquerdalhada - supondo que o país quer ser libertado, o que é uma dúvida perfeitamente razoável.

Temos estes princípios. Se não gostarem temos outros

O debate entre os parceiros Costa e Catarina Martins na RTP foi mais uma demonstração da deriva programática de ambos. Pelo lado de Costa, a troca do combate à "austeridade neoliberal" pelas "contas certas" já tinha barbas e foi só confirmação. Pelo lado da líder do BE, foi uma relativa novidade o seu apego à rectitude fiscal em linha com a recente conversão à social-democracia revelada na entrevista do Observador. Contudo, essa deriva programática não é uma grande vitória de Passos Coelho, porque é puro oportunismo, como o passado recente mostra, e não parece nada que no futuro «as esquerdas terão uma enorme dificuldade para contestar as políticas orçamentais mais ortodoxas dos governos de direita», porque tudo indica que o farão com enorme facilidade, como agora.

02/09/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (203)

Outras avarias da geringonça e do país.

E quando se pensava que já tinha sido atingido o supremo descaramento, Costa volta a superar-se

Fui repescar o título deste e deste posts do outro contribuinte para classificar a entrevista também dissecada aqui de Costa ao semanário de reverência, cada vez mais a merecer o epíteto de Acção Socialista. A circunstância de, para além de algumas poucas almas, como Joaquim Aguiar e António Barreto, uns linces de Malcata liberais perdidos na blogosfera e os colunistas do Observador, pouca gente parece incomodar-se com os factos alternativos de Costa e a progressiva instrumentalização do aparelho do Estado pelo PS, é um indício preocupante do futuro que nos espera se o PS de Costa, tal como o PS de Sócrates, só for derrotado pela realidade.

Já virámos a página da austeridade

O calendário eleitoral influencia tudo e no tudo incluem-se as cativações, uma das ferramentas a que o Ronaldo das Finanças tem recorrido abundantemente para cumprir a «obsessão do défice» (era o nome de Costa para o o rigor orçamental do governo anterior). Sem surpresa, as cativações baixaram este ano para 582 milhões no primeiro semestre e ainda mais previsivelmente não se sabe ainda quais os montantes do segundo semestre que Centeno só revelará depois das eleições.

Se há áreas onde o Estado não pode falhar é a da segurança pública, incluindo o policiamento das cidades. Enquanto prossegue a agenda berloquista da «identidade dos géneros» e legisla sobre os urinóis das escolas, falha na segurança policial, pelo menos no Distrito do Porto onde várias esquadras fecham durante a noite. Dizem os polícias que é falta de efectivos, causa estranha quando temos uma das polícias mais numerosas da OCDE (ver a série de posts «Casos de polícia»). Inclino-me para a causa do costume - a incompetência da gestão socialista do Estado Sucial.

26/08/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (202)

Outras avarias da geringonça e do país.

Cuidando da freguesia eleitoral

Quereis um exemplo da complementaridade do esquerdismo senil do PS e do esquerdismo infantil do BE nos cuidados intensivos da freguesia constituída pelos funcionários públicos? O PS, que toma conta do governo com procuração do berloquismo, nos 4 anos terminados em Junho colocou 35.732 novos fregueses na administração pública. O BE no seu «autêntico programa de governo», segundo o dirigente Pureza, pretende contratar 120 mil novos clientes durante os mesmos 4 anos. De onde, podemos concluir, o esquerdismo infantil é como o senil potenciado pelo multiplicador socialista (exemplos do multiplicador).

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

Passando da macroeconomia para a microeconomia dos cuidados, relevo o caso do funcionário da IP com baixa médica a explorar o bar da estação do Pocinho e antecipo as consequências futuras para a grande família socialista do parecer do jurisconsulto Costa que habita o corpo do primeiro-ministro e postulou a interpretação da lei das incompatibilidades da forma magistral que deixou embasbacado o outro contribuinte.

Para os amigos tudo, para os inimigos nada, para os outros cumpra-se a lei

Este é o mote mais popular entre os socialistas e teve mais uma aplicação prática com atribuição dos fundos para recuperação dos incêndios de 2017 (sim, esses mesmo de que fugiu para férias o Dr. Costa) à câmara de Mação cujo presidente não pertence à família socialista (ler aqui o relato).

19/08/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (201)

Outras avarias da geringonça e do país.

As greves e manifs são legítimas? Depende

A greve dos motoristas de matérias perigosas fez desaparecer os combustíveis de algumas bombas e fez aparecer as verdadeiras faces de alguns políticos e das organizações que os albergam.

Dos políticos, saliento o primeiro-ministro que proferiu pelo menos dois pensamentos só à primeira vista surpreendentes. «O interesse do país nunca tira férias» disse o que foi de férias no pico dos incêndios onde morreram dezenas de pessoas por incúria e incompetência da administração de que ele é o chefe. E, ao defender que «em democracia não há direitos absolutos», confirmou-nos que não é um democrata, o que alguns de nós já tinham percebido, mostrou-nos a sua mão dura na requisição civil e, claro, deixou-nos o aviso que, se lhe der jeito e o deixassem, seria bem capaz de reinstaurar a censura, sem grande oposição em geral e no meio jornalístico em particular, salvo algumas raras almas que classificam a acção do governo na greve como «Agit-prop sem vergonha nenhuma».

Das organizações políticas, além do PS, cujo governo colocou a administração pública ao serviço do «patronato» na distribuição de combustível, e da hipocrisia habitual dos mutantes berloquistas, saliento o caso do PCP e do seu braço sindical CGTP que retomaram o papel de sabotadores de greves que já tinham assumido há 45 anos. Durante o PREC, fizeram-no por controlarem o governo e o país de onde resultava que todas as greves que não fossem da sua iniciativa eram anti-patrióticas. Agora reincidiram, com menos razões porque já não controlam o país e cada vez menos o aparelho sindical e o seu móbil foi apenas sabotar o sindicato concorrente sentando-se ao colo do «patronato».

Fumamos, mas não inalamos

Fumei, mas não inalei, foi o que disse Bill Clinton a propósito da sua relação dos tempos da universidade com a Marijuana, relação que antecedeu a outra com Miss Lewinsky no gabinete oval - a este respeito não resisto a invocar a tese de há 16 anos do outro contribuinte sobre a ligação deste caso com a segunda intervenção americana no Iraque.

Pois bem, o camarada Jerónimo fez-me recordar o fumei, mas não inalei quando, depois de quatro anos de ménage a trois (ou a quatre se incluirmos o apêndice PEV), declarou peremptoriamente «não há nenhuma maioria parlamentar nem nenhum Governo de esquerda ou de maioria de esquerda. Não há Governo apoiado pela CDU». O que me leva a outra recordação, a da piada de Benjamin Disraeli a propósito das estatísticas, que adaptada daria neste caso algo como: há três tipos de mentiras: mentiras, malditas mentiras e mentiras dos comunistas.

12/08/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (200)

Outras avarias da geringonça e do país.

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

Como alguém já disse, a única certeza que podemos ter quanto ao futuro é que não será igual ao passado. Ou então ler o Expresso onde este fim de semana se escreveu na pág. 2 do Caderno de Economia «Portugal resiste ao abrandamento europeu». Como é uma "noticiazinha" pequenina, talvez possamos dar-lhe um poucochinho mais crédito do que a célebre "notícia" de primeira página de há oito anos «FMI já vem», um mês antes da troika desembarcar.

Em todo o caso, no vosso lugar, prestaria mais atenção ao banco Nomura, para quem a coisa está a ficar parecida «com o quadro da véspera do colapso do Lehman Brothers em 2008», ou à Seaport Global, citada pela Bloomberg, para quem «rates markets globally are expecting what looks like Armageddon». Pela Zona Euro as coisas também estão tremidas com o segundo trimestre a apresentar o menor crescimento em cinco anos, E por cá até se celebra uma revisão em alta de 0,1% no segundo trimestre, revisão mais da classe de erro preditivo do que outra coisa.

05/08/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (199)

Outras avarias da geringonça e do país.

Et tu, Petrus

O novo presidente da CP, nomeado pelo ministro das Infraestruturas e líder da facção pedronunista do PS, era director e é accionista da Nomad Tech que tem a própria CP como o cliente mais importante (26% da facturação). Evidentemente, como o ministro já veio dizer, é tudo legal e, consequentemente, digo eu, esta notícia de 2/3 de página do Expresso, com foto do ministro Pedro Nunes Santos a cumprimentar o nomeado, é uma pulhice da outra facção do PS para entalar o líder do pedronunismo, mostrando que, afinal, ele também faz coisas censuráveis.

Se me permitem as facções e o semanário de reverência, isto é tudo um enorme equívoco porque, se era para desacreditar o líder do pedronunismo, o resultado é o contrário, ficando patente que o ministro é um verdadeiro socialista.

E se dúvidas ainda persistissem, a notícia de que o pai de Pedro Nuno Santos tinha e mantém negócios com o Estado vem de uma vez esclarecer tudo. Deixem a criatura em paz ainda que ele possa ser, como o acusam, ciumentas, as outras facções, uma infiltração do berloquismo no PS, o certo é que ele mostra ser, por direito, tão ou mesmo mais socialista do que os outros.

29/07/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (198)

Outras avarias da geringonça e do país.

As pessoas não são números

O episódio das 780 mil «golas» inflamáveis distribuídas aos velhinhos perdidos por esses vales e montes para se protegerem dos incêndios florestais, golas que afinal,explicou a Protecção Civil, eram apenas para “merchandising“ e “propaganda“, é tão grotesco que qualificaria o Portugal do Dr. Costa para ser classificado como património mundial do ridículo e da pequena e média corrupção.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

Ajuda a perceber o episódio o facto de as «golas» terem custado mais do dobro do seu preço de mercado e o seu fornecimento ter sido adjudicado a uma empresa unipessoal do marido da presidente da Junta de Freguesia de Langos, no concelho de Guimarães, eleita pelas lista do PS.

Deixando perceber que num novo mandato perderá o resto da pouca vergonha que ainda finge ter, Costa quer rever o modelo de recrutamento dos quadros do Estado para aumentar a «transparência e igualdade de oportunidades», que no patuá socialista significa colocar os membros da grande família dos novos-situacionistas.

22/07/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (197)

Outras avarias da geringonça e do país.

Paz social

Depois da pacificação muito celebrada atribuída aos dotes do ministro Pedro Nuno Santos, os motoristas de matérias perigosas voltaram a anunciar uma greve a partir de 12 da Agosto. Desta vez a coisa foi entregue ao secretário de Estado da Energia, João Galamba que confessou, quando ascendeu ao governo, com um grande sentido de humor involuntário, «como pessoa de esquerda encontro na área da energia o sonho de qualquer esquerdista».

Podemos pois dormir tranquilos e aguardar com serenidade. A criatura declarou peremptoriamente que estava «a criar as condições para, se necessário, montar um sistema logístico alternativo de distribuição de combustíveis».

Boa nova

Com o fim da legislatura e aproximação das eleições, o anúncio de boas notícias intensificou-se culminando na apresentação do programa eleitoral do PS que é por definição o lugar geométrico dos pontos dos amanhãs que cantarão espraiados por 140 densas páginas. Passemos em revista alguns deles.

Aumentará o investimento público (56%), aumentarão os salários da freguesia eleitoral, diminuirão os impostos da classe média e das PME (uma tentativa de adicionar à freguesia eleitoral alguns contribuintes e pequenos empresários crédulos e distraídos), consultas aos sábados nos centros de saúde (o que deu um mega-título de primeira página no semanário de reverência), vale para a compra de óculos até aos 18 anos (prescritos numa consulta do SNS que terá lugar muitos meses ou anos depois...), cheque dentista para as crianças entre 2 e os 6 anos (se for no SNS, quando chegar a vez da consulta já lhe caíram os dentes às criancinhas), expandir os metropolitanos e comprar material circulante com fartura, luta sem tréguas contra a corrupção (o «princípio dos quatros olhos» é para ser aplicado a dois pares de olhos de familiares?), introdução de círculos uninominais (já estava no programa anterior e foi deixado cair por causa de geringonça, possivelmente vai ter o mesmo destino).

15/07/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (196)

Outras avarias da geringonça e do país.

A minha renda é mais acessível do que a tua

Fernando Medina, o sucessor de Costa na câmara de Lisboa e presumível sucessor na liderança do PS, e Pedro Nuno Santos, líder da tendência pedronunista, ministro da Habitação e também candidato à sucessão em concorrência com Medina, iniciaram a disputa usando como ersatz os programas de renda acessível que ambos estão a promover, o primeiro para a cidade de Lisboa e o segundo para o país. É um poucochinho ridículo, mas cada um tem os sucessores que merece.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

André Matias de Almeida, irmão de Bruno Matias de Almeida, adjunto do secretário de Estado da Economia, nomeado pelo ex-secretário de Estado da Indústria João Vasconcelos para vários cargos dirigentes em fundos de apoio a empresas, foi agora empossado como porta-voz da Antran, a associação dos transportadores. (Fonte: Sol) Business as usual.

08/07/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (195)

Outras avarias da geringonça e do país.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio

Quem sai aos seus não degenera, diz o ditado popular, e exemplifica o jovem Pedro Costa, filho do pai Costa, primeiro-ministro, que na qualidade de membro de junta de freguesia contratou três amigos como assessores para verificarem «no terreno a limpeza das ruas». Um deles, licenciado em Cultura e Comunicação, ganhou 15 mil euros num ano o que não está mal para contar os cocós de cães em Campo de Ourique, ainda que uma licenciatura em matemática fosse mais adequada.

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu

Tudo o que sobe, desce, costuma dizer-se. E é frequentemente assim, sobretudo nas bolsas. Porém, o aforismo não parece aplicável à pantagruélica dívida pública portuguesa. Depois de cinco meses a crescer, atingiu em Abril um novo máximo de 252,5 mil milhões de euros, qualquer coisa como duas vezes e meia a dívida pública do início de 2005, quando José Sócrates iniciou a sua missão de levar o país à bancarrota.

O Estado sucial é um caloteiro

Não obstante o endividamento crescente, os pagamentos em atraso superior a 90 dias aos fornecedores do SNS voltaram a crescer 100 milhões em Abril atingindo 626,5 milhões.

01/07/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (194)

Outras avarias da geringonça e do país.

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

Segundo o grande princípio de Monsieur de La Palice, para crescer a economia precisa de aumentar a produção por trabalhador e/ou aumentar o número de trabalhadores.

As estimativas do BdP apontam para uma redução de 0,6% do VAB (valor acrescentado bruto) por trabalhador em 2018, continuando a tendência desde 2014.

Há dez anos havia 757 mil desempregados e hoje há 347 mil. Nessa altura população a empregada entre os 15 e os 74 anos era 4,8 milhões e hoje é exactamente a mesma. De onde: (1) em 10 anos saíram do mercado de trabalho 400 mil trabalhadores e (2) o crescimento do PIB foi conseguido apenas por redução do desemprego. Como o desemprego parou de descer e parece ter atingido o seu mínimo estrutural, para a economia crescer precisaríamos de aumentar a produtividade e não de a reduzir que é o que está a acontecer,

Para aumentar a produtividade precisaríamos (entre outras coisas) de aumentar o capital por trabalhador e para isso precisaríamos de investir. Para investir precisaríamos de poupar e/ou de nos endividarmos mais. Quanto à poupança temos uma taxa de 4% uma das mais baixas da UE. Quanto à dívida temos a terceira mais alta da UE. De modo que.

Entretanto, como que para nos tranquilizar, a imprensa do regime lembra-nos que o risco de bancarrota da Zona Euro está nos mínimos de 2008 e, como fazemos parte da Zona Euro, podemos dormir tranquilos.

24/06/2019

Crónica da avaria que a geringonça está a infligir ao País (193)

Outras avarias da geringonça e do país.

Há coisas que é melhor não perguntar

Faria de Oliveira é um notório songamonga do Bloco Central, conivente até ao gorgomilo com a instrumentalização da banca em geral e da Caixa em particular em benefício do complexo político-empresarial socialista. Mas só lhe devem atirar pedras quem não tenha telhados de vidro, como não era o caso do deputado socialista que lhe perguntou porque se «acelerou» na La Seda - um dos investimentos mais ruinosos do banco público nos tempos de Sócrates - e recebeu como resposta porque esse era o «objectivo do seu governo».

O cobrador do fraque do Estado Sucial

O programa eleitoral do PS contém mais uma medida para combater as desigualdades. E como se combatem as desigualdades? Ora, como haveria de ser? Aumentando os impostos, claro. A quem? Ora, a quem haveria de ser? Aos ricos, claro? E quem são os ricos? São os que não englobam os rendimentos das rendas e dos capitais, entre outros. Por exemplo, a minha prima Ermelinda que com um rendimento colectável de 26 mil euros cai no 5.º escalão de IRS (37%), tem um T1 na Amadora que herdou do tio Jacinto e aluga por 400 euros e um depósito a prazo de 10 mil euros das suas poupanças.

A mesma Ermelinda que também herdou uma courela em Gouveia, com um hectare de mato que ela nem sabe bem onde fica, irá pagar um IMI agravado a menos que a Ermelinda vá para lá cavar a courela.